O CENÁRIO ELEITORAL NOS ESTADOS UNIDOS E NO BRASIL

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Eugênio Ricas é Delegado Federal, Adido da PF nos EUA, Mestre em Gestão Pública pela UFES

Na próxima semana, dia 03/11, os americanos escolherão o presidente que terá a missão de liderar a maior potência do mundo pelos próximos 4 anos. O candidato do partido Republicano, Donald Trump busca sua reeleição, enquanto o democrata, Joe Biden, tenta colocar os democratas novamente no poder.

          Disputas ideológicas à parte, a eleição americana tem algumas particularidades que merecem destaque. Em primeiro lugar, o voto não é obrigatório. Outro ponto interessante é que é possível o voto antecipado. Aliás, as eleições atuais bateram o recorde dos últimos 100 anos em número de eleitores que, antecipadamente, exerceram seu direito de escolher o próximo líder dos Estados Unidos. Já foram cerca de 74 milhões até meados desta semana.

          A expressividade dos números nos faz refletir e serve de exemplo para nós, brasileiros. Ao falar dos Estados Unidos, falamos de um país que antes da pandemia apresentava um cenário de pleno emprego, economia bombando, saneamento básico em praticamente 100% das residências, uma das melhores seguranças públicas do mundo, educação pública de qualidade e muitos outros indicativos positivos. Ainda assim e apesar da não obrigatoriedade, milhões de americanos já votaram.

          Por aqui (escrevo este artigo em meus últimos dias de férias no Espírito Santo), em terras brasileiras, também teremos eleições em breve. No dia 15/11 todos os cidadãos brasileiros escolherão os prefeitos e vereadores de todo o país. Aqui, no entanto, o voto é obrigatório. Todo cidadão maior de 18 anos, queira ou não, precisa votar ou apresentar os motivos de sua impossibilidade.

          Apesar da proximidade do pleito eleitoral e diferentemente do fenômeno que ocorre nos EUA, no Brasil boa parte das pessoas sequer escolheram seus candidatos. Em conversas com taxistas, motoristas de Ubers, outros profissionais e inúmeros conhecidos, a indecisão e desconhecimento sobre os candidatos parece prevalecer.

          Também diferentemente do que ocorre nos EUA, ainda temos, no Brasil, indicadores que nos envergonha a todos. A título de exemplos, podemos mencionar que 16% de todos os brasileiros ainda não têm água tratada e 47% não têm acesso à rede de esgoto. Em 2019, portanto antes da pandemia, tínhamos um índice de 11,9% de desemprego. Cerca de 11 milhões de brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos. Em 2018, tivemos quase 60 mil homicídios no Brasil (números de um país em guerra).

          A melhoria desses indicadores passa, necessariamente, pela melhoria da gestão pública a qual, por sua vez, depende de pessoas idôneas, preparadas e comprometidas. É imprescindível que nós, eleitores, façamos escolhas baseadas nesses princípios. É fundamental, também, que após as eleições cada eleitor acompanhe (e cobre o cumprimento das promessas da campanha) o trabalho de seus representantes no Legislativo e no Executivo. Somente assim, com o pleno exercício da cidadania, conseguiremos virar essa página e melhorar os principais indicadores sociais e econômicos do Brasil.