Enquanto no Rio a Polícia Militar disparou mais de 60 vezes contra um único carro, matando cinco jovens em Costa Barros, a polícia britânica atirou apenas em duas ocasiões em um ano inteiro, entre 2013 e 2014 – e sem matar ninguém.
O baixo número de disparos das polícias da Inglaterra e do País de Gales pode ser explicado por um rígido controle sobre armas de fogo, agentes desarmados e condições sociais diferentes das do Brasil, de acordo com especialistas.
Mas eles dizem também que, apesar das diferenças de contexto social, a polícia fluminense poderia aprender diversas lições com a britânica.
No último sábado, PMs do Rio atiraram diversas vezes na direção de um veículo em que estavam cinco jovens negros com idades entre 16 e 25 anos. Segundo a TV Globo, foram 111 tiros, dos quais 63 atingiram o carro.
Testemunhas e parentes das vítimas dizem que os policiais confundiram o veículo com o de um grupo de assaltantes que estaria escoltando uma carga roubada.
Depois disso, os PMs teriam tentado incriminar os jovens forjando uma cena de enfrentamento. Quatro policiais foram presos em flagrante – três sob as acusações de homicídio doloso (com intenção de matar) e fraude processual, e o outro acusado apenas do último crime.
Os 111 tiros são uma pequena fração do total de balas disparadas neste ano. Segundo levantamento da Polícia Militar publicado pelo jornal O Globo , só em 2015 os PMs do Rio dispararam cerca de 85 mil vezes.
A corporação não confirmou os números à BBC Brasil, dizendo tratar-se de “informação estratégica”.
Apenas neste ano, de acordo com dados do ISP (Instituto de Segurança Pública, ligado ao governo estadual), 569 pessoas foram mortas por policiais – a estatística se refere aos chamados “autos de resistência”, uma espécie de legítima defesa, e não consideram mortes por policiais de folga.
“A polícia do Rio é a que mais usa força em excesso, e é um abuso permanente e sistemático. Em um contexto como o do Rio não poderíamos esperar os mesmos números da Grã-Bretanha, mas mesmo considerando o nosso contexto a polícia atira demais”, diz o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Silvia Ramos, coordenadora do CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes), diz que os números indicam que a polícia precisa mudar.
“Se você disser isso para um policial, ele vai rebater dizendo: ‘Põe um cara desarmado na favela para ver o que acontece.’ Mas isso é uma resposta defensiva, que procura valorizar problemas para justificar a ‘não mudança’, e com isso estamos não mudando a polícia há 30 anos”, afirma.
Fonte: Terra
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