Novo modelo de segurança pública é debatido em Audiência na Câmara

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“Esse assunto precisa ser debatido até a exaustão”. Com esse argumento o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) defende o relatório final da CPI presidida por ele que tratou da questão relativa ao extermínio de jovens negros e pobres no Brasil. O documento foi debatido durante Audiência Pública realizada na Câmara Municipal nessa segunda-feira (14). Com os dados apurados durante as diligências, o parlamentar propõe um novo modelo de segurança pública “por um Brasil de mais mudanças”.

Para conseguir esse modelo que julga apropriado o deputado prepara oito emendas à Constituição que serão apresentadas e debatidas na Câmara Federal. Em Sete Lagoas, Lopes divulgou que trabalha para atingir cinco metas que, segundo ele, vão diminuir o número de mortes entre jovens negros e pobres. Uma comissão foi proposta para apresentar um plano que será debatido.

Depois de concluído esse plano decenal da segurança pública será debatido em todas as instâncias com a possibilidade de revisão de dois em dois. Essa é uma das metas estabelecidas. Durante os trabalhos em Sete Lagoas Reginaldo apresentou dados que surpreenderam aos presentes. “Dois milhões de pessoas foram mortas desde os anos 80, entre homicídios e acidentes. Matamos uma população do Uruguai”, revelou o deputado.

Novo modelo de segurança pública é debatido em Audiência na Câmara/ Foto: divulgação CâmaraNovo modelo de segurança pública é debatido em Audiência na Câmara/ Foto: divulgação Câmara

Com os levantamentos e diligências realizadas em todo o Brasil a CPI concluiu que há uma ausência do Estado e um racismo institucionalizado que contribui para os crimes. Os trabalhos apontaram uma estatística assustadora. “80% dos jovens negros e pobres morrem. Se 90% da população carcerária tivesse advogado e fosse branca 70% estaria na rua”, acredita o deputado que afirmou que o tolerável é uma morte para cada 100 mil habitantes.

A pouca resolução de crimes no país ajuda a manter a sensação de impunidade e elevar os índices. Elevar a resolutividade é outra meta do trabalho uma vez que o relatório apurou que apenas 8% dos delitos registrados no Brasil são elucidados. A polícia investigativa precisa ser mais bem aparelhada e “cuidar menos de questões burocráticas de presos”, questiona Reginaldo.

Participação dos vereadores

Para Milton Martins (PSC) o sistema carcerário está falido e as crianças nas escolas sem segurança, o que facilita a entrada dos jovens na vida do crime. “Um jovem recebe R$ 1.800 para ser olheiro do tráfico na comunidade enquanto que um emprego regular paga um salário”.

Uma data para realização da festa da Consciência Negra foi citada pelo vereador Marcelo Cooperseltta (PMN). “Há a festa, um momento, mas depois não se fala mais nada o resto do ano. Aqui, por exemplo, foi criada a Guarda Municipal, mas para quê? Para multar. Deve ser melhor arrecadar do que cuidar dos nossos jovens”, opinou.

Os dados apresentados por Reginaldo Lopes, de acordo com Caramelo (PT), “são importantíssimos. Todo mundo comunga do problema, por isso temos que unir forças”, defendeu. Renato Gomes (PV) entende que o tema apresentado é muito importante e precisa ser debatido. Para o vereador, é preciso também que sejam “ampliadas vagas para jovens na indústria e na escola, além de valorizar o profissional da educação”.

Novo modelo de segurança pública é debatido em Audiência na Câmara/ Foto: divulgação CâmaraNovo modelo de segurança pública é debatido em Audiência na Câmara/ Foto: divulgação Câmara

Dalton Andrade (PT) foi quem requereu, presidiu a sessão, além de ter intermediado os debates. O parlamentar destacou e lamentou o aumento no número de crimes na cidade e reforçou o coro na defesa para uma educação melhor.

A Polícia Militar (PM) foi representada pelo chefe do departamento de comunicação do 25° Batalhão, Tenente Miranda. O deputado estadual Douglas Melo (PSC), o diretor da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) Flávio Rocha e o representante da secretaria municipal de Assistência Social, Vero Franklim, também participaram da sessão.

A população da cidade foi representada por pessoas que se inscreveram para participar e reforçar o pedido por mais segurança. A questão do racismo também foi citada e o problema, na visão dos participantes, passa mesmo por uma educação de melhor qualidade.

 

Fonte: Sete Lagoas