No dia 03/12 foi comemorado o dia do Delegado de Polícia Civil. Conheça um pouco dessa profissão e do trabalho de um delegado de João Pinheiro (MG)

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No dia 3 de dezembro foi comemorado o Dia do Delegado de Polícia Civil. Conversarmos com um dos Delegados de João Pinheiro, Doutor Anderson Rosa, que nos fala um pouco sobre a profissão:

-“A profissão de Delegado de Polícia Civil é uma profissão muito dinâmica e ao mesmo tempo ela é híbrida, que cumula funções jurídicas com funções administrativas, noções de gerenciamento de coisas e de pessoas. Então ao mesmo tempo em que se exercita um trabalho policial, evidentemente investigativo, ao mesmo tempo é cumulada a função administrativa, de gestão da unidade, gestão das pessoas, gestão dos procedimentos, então há essa junção de funções na profissão de delegado, o que existe um empenho muito grande, uma dedicação e bastante disposição, porque o volume de trabalho no Brasil é muito grande.

04 (2)Perguntado se sempre quis exercer essa profissão e as dicas que ele dá para quem pretender ser um delegado de polícia, Anderson Rosa diz:

“-Eu, desde o início da faculdade de direito, eu já pensava na profissão de delegado, exatamente por esse dinamismo que ela tem. A gente nunca tem um dia igual ao outro, as coisas são imprevisíveis, hoje eu estou aqui no gabinete, mas amanhã eu posso estar na rua, posso estar fazendo uma diligência, posso estar em uma zona rural ou correndo atrás de um infrator, enfim, esse dinamismo que me atraiu para a profissão. Para ser delegado, você tem que ser Bacharel em Direito. A dica que eu daria é que desde o início, quando você tiver convicção de que é isso que você quer, focalize seus estudos para isso. Hoje em dia é um concurso difícil, no mesmo nível dos outros concursos de carreira jurídica, Defensoria, Ministério Público e Magistratura. Hoje os concursos para delegado de polícia estão muito nivelados com essas outras carreiras, são concursos difíceis. Então quem quer ser delegado, que venha a conhecer o dia a dia do trabalho, para ver se é isso mesmo que quer, para ver se é o que você espera”.

04 (3)Atualmente Dr. Anderson é responsável pela delegacia de João Pinheiro, juntamente com a doutora Gabriela, e pela delegacia de Brasilândia, cumulando, uma vez que lá está sem delegado exclusivo. Ele também está respondendo pela Corregedoria da nossa regional.

-“É um volume de trabalho muito grande em João Pinheiro, certamente já se comportaria uma delegacia regional de polícia, com no mínimo cinco ou seis delegados atuando na cidade, e é assim também com os demais órgãos como judiciário, Ministério Público, Polícia Militar. Então aqui em João Pinheiro tem muito trabalho, dois Delegados aqui são insuficientes, mas a cidade é uma cidade que nos acolheu muito bem, nós temos aqui uma integração muito boa com os demais órgãos, o que confere uma efetividade muito importante para o trabalho de todos. A equipe da Polícia Civil aqui, os escrivães, os investigadores, são bons, a equipe é boa, nós, dentro das nossas condições, nós temos uma eficácia muito grande, um bom índice de resolução de crimes, principalmente os crimes mais graves. Obviamente, como é insuficiente para atender a demanda aqui, como é também na maioria dos lugares, mas é muito satisfatório trabalhar em João Pinheiro, por vontade própria eu ficaria aqui por mais tempo, e sempre, ao mesmo tempo, reivindicando melhorias para a Polícia Civil de nossa cidade, que é bom que se diga, a nossa demanda aqui que é para ser seis delegados, contando com Brasilândia também, e estamos em dois delegados, então, obviamente, as funções não são desempenhadas com aquilo que a sociedade precisa, mas o nosso esforço aqui ele é integral.

O delegado está atuando em João Pinheiro há três anos, e dentre os crimes que se destacaram em número de ocorrências ele diz:

-“Eu estou em João Pinheiro há três anos, a questão de transferências e remoções dentro da Polícia Civil, elas são frequentes, muitas vezes atrelada à desempenho, outras a promoções e outras simplesmente por conveniência da administração ou a pedido do Servidor. A chance de nós sermos removidos por um destes motivos ela é grande e permanecer em um local por muito tempo também, até certo ponto, na nossa profissão, não é muito saudável. Então existe um rodízio muito alto e isso é inerente à profissão. Por convicção pessoal eu também acredito que muito tempo em um mesmo lugar compromete o serviço. Aqui em João Pinheiro, em 2013 quando eu cheguei, as ocorrências que incomodavam mais eram os homicídios, que estava com um número muito alto naquele ano, salvo engano a gente teve 24 homicídios consumados, sem contar os tentados. Foi desencadeado um trabalho em cima dos homicídios e no ano seguinte em 2014 nós reduzimos esse número em aproximadamente 40% e, caiu para, salvo engano, para 16 no ano passado, juntamente com os demais órgãos, a polícia militar. Esse ano, nós tivemos uma queda, embora nos últimos meses aí teve um surto de homicídios, em razão de uma briga entre dois grupos, mas mesmo assim nós ainda estamos com saldo em relação ao ano passado, e nós vamos fechar o ano com esse saldo positivo. Então, de 2013 para 2015, provavelmente nós vamos ter reduzido pela metade o número de homicídios, porque homicídio atenta contra a vida, que é o bem jurídico mais importante que a gente tem, é o bem jurídico punido mais severamente pelo sistema penal, então é

natural que a gente focalize nossas atenções para esse tipo de crime, que é mais grave. Entretanto, o que mais ocorre hoje em João Pinheiro, nós tivemos um aumento maior, foi de crimes contra o patrimônio, em especial roubos. Nós, no ano passado, tivemos aproximadamente 100 roubos. Esse ano nós estamos chegando a 200 roubos, em um aumento muito significativo, que incomoda muito, e que vai ser alvo de nossas atenções, uma vez que os homicídios estão sendo solucionados, convém ressaltar que a taxa de resolução de homicídios ela beira a 100% dos homicídios. Todos os ocorridos esse ano, talvez um deles ainda não tenha uma autoria clara e definida, com provas já produzidas, com elementos informativos coletados como deveria. O trabalho investigativo, graças a Deus, tem sido exitoso. Uma vez que o homicídio está controlado, nós vamos focalizar os esforços para a questão dos roubos, que é também um crime grave e é também para o qual a gente é cobrado pela população, é uma coisa para nós refletirmos, mas, mesmo quando você elucida um homicídio, o reconhecimento da sociedade não é tão grande quanto quando se elucida e prende uma pessoa que cometeu crime contra patrimônio. Talvez a sociedade que a gente viva, nós estejamos valorizando mais o patrimônio do que a própria vida, quando há uma resolução de crime, como teve essa operação recentemente, operação carreto, referente a furto de gado, nós recebemos várias homenagens pelo êxito do trabalho, várias atenções.Gerou muito mais reconhecimento do que quando a gente elucida e prende o autor de homicídio. Então é muito claro que, hoje se valoriza mais patrimônio do que vida, isso é uma coisa pra gente questionar, mas é uma realidade que nós somos cobrados até mais pela sociedade, para resolver as questões de Roubos e Furtos”.

O JP Agora parabeniza os profissionais delegados pelo trabalho desempenhado em defesa da sociedade, e parabeniza em especial os nossos delegados de João Pinheiro, Dr. Anderson e Dra. Gabriela, que vocês tenham muito sucesso nessa carreira.

 

Fonte: JPAgora