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José Medeiros cobra plano para enfrentar “mortalidade insana” no país

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O senador José Medeiros (PPS-MT) reclamou em Plenário, nesta sexta-feira (15), da ausência de um plano efetivo para enfrentamento dos desafios da segurança pública no país. Segundo ele, já existem diagnósticos e exemplos de boas soluções adotadas em diferentes países, mas falta decisão sobre o que é preciso fazer. Lembrou que, enquanto isso, temos no Brasil uma “mortalidade insana”, com mais de 50 mil assassinatos a cada ano, além de mais de 50 mil mortes no trânsito, a seu ver também um problema de segurança pública.

— Então, temos aqui, só no setor de segurança, 100 mil pessoas morrendo ao ano, e eu creio que guerra nenhuma, mesmo se somadas todas no mundo hoje, mata o quanto se está matando pessoas nossas — constatou.

Para o senador, é necessário persistir na denúncia do problema para “acordar“ os gestores da área de segurança. Para Medeiros, O Ministério da Justiça pode até estar “preocupado” com a questão. Salientou, contudo, que muitas vezes, a rotina pode resultar em acomodação, “cauterizando a mente do gestor”. Assim, mesmo quando muito negativos, “os números passam a ser tratados como normais”.

Ainda de acordo com o senador, a sociedade também deve estar atenta. Ele lembrou que o país “entra em pânico” quando um avião cai e morrem 200 pessoas. Citou depois a reação de “choque” sentida por todos os brasileiros com a notícia do incêndio na Boate Kiss, no Rio Grande do Sul, que resultou na morte de 276 jovens. Depois lamentou que, mesmo sendo igualmente lastimáveis, as estatísticas de violência não causam a mesma reação.

— São cem mil que morrem todos os anos. Então, nós precisamos falar, falar sempre, para que isso não seja esquecido — ressaltou, ao cobrar imediata atenção a um plano de segurança pública.

Igualdade perversa

Medeiros observou ainda que outros serviços públicos são tão ruins ou piores que os de segurança pública, como os de saúde e de educação. Em relação a esses, porém, salientou que as classes com melhor poder aquisitivo ainda conseguem pagar para ter acesso a ilhas de qualidade, como as boas escolas particulares e hospitais de ponta. Já no campo da segurança pública, todos são igualmente afetados.

— É uma isonomia total e perversa. Do porteiro da empresa ao seu presidente é igual para todo mundo, mas é igual por baixo, porque estão todos sujeitos, em um dado momento, a sofrer um sequestro, um assalto. Isso acontece todos os dias nas ruas brasileiras

Policiais

Na visão do senador, um dos requisitos para a transformação da qualidade da segurança pública é melhoria da relação entre a sociedade e suas polícias. Entende que, para isso, os policiais precisam ser bem capacitados, ganhar salários dignos e contar com boas condições de trabalho, inclusive para que possam atuar protegidos de riscos desnecessários. Medeiros citou que há pouco tempo, ao tentar afastar curiosos em torno de um acidente, um policial foi alvejado por um deles com três tiros.

— Esse policial não era para ter morrido, ele estava com um colete à prova de balas. No entanto, um colete à prova de balas, certificado para barrar até tiros de pistola ponto 40, um simples tiro de 38 transfixou esse colete, e o policial morreu.

Condições de trabalho e bons salários são indispensáveis, mas podem ainda não ser suficientes, observou o senador. Ele disse que outro ponto importante deve ser o cuidado com a saúde mental, já que o estresse da atividade contribuiria para um estado contínuo de exaustão dos policiais (Síndrome de burnout). Observou que somente depois de cuidar da sanidade dos policiais a polícia da cidade de Nova Iorque conseguiu de fato melhorar seus índices de desempenho, na sequência de uma ampla reforma realizada há 20 anos.

Drogas

O senador destacou a questão das drogas ao citar problemas na abordagem que devem ser revistos num novo plano de segurança. Lembrou que hoje esforços e gastos são dirigidos ao combate ao comércio da droga no varejo. Observou, contudo, que o país não é um fabricante de entorpecentes e que as drogas costumam entrar aqui pelas fronteiras, onde a seu ver deveria se concentrar o combate.

 

Fonte: Agência Senado

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