Artigo – A (In)segurança Pública Brasileira e a desídia estatal, por delegado Renê de Almeida

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Rui Ferraz Fontes. Esse é o nome.

Mais de 40 anos de extrema dedicação à segurança pública de São Paulo e do Brasil não foram ceifados pelos dez tiros de fuzis desferidos pela escória da sociedade brasileira.

Após mais de 40 longos anos combatendo o crime organizado no Brasil, e aposentar-se no topo da carreira, Delegado de Polícia Classe Especial da Polícia Civil de São Paulo, marginais, provavelmente do PCC ou outra nefasta facção que se hospeda, mora, faz turismo e ocupa parte do maior Estado do País, perseguiram impiedosamente e sem serem importunados, por várias ruas da baixada santista, o carro dirigido pelo Dr. Ruiz Ferraz Fontes, culminando em assassiná-lo com cerca de dez tiros de fuzis.

A história desse verdadeiro herói nacional já era reconhecida pela Sociedade Paulista, pelas polícias civil, federal e militar, ao combater o lixos humanos que compõem o PCC, levando centenas deles aos cárceres, à condenações.

Nós, Delegados de Polícia do Brasil que compomos a Associação dos Delegados de Polícia do Brasil-ADEPOL, e que frequentamos Brasília, os corredores e gabinetes da Câmara e do Senado, sabemos bem que segurança pública da sociedade brasileira nunca foi tema prioritário naquelas Casas Legislativas. Não! Ali, Delegados de Polícia do Brasil cotidianamente apresentam pleitos, propostas legislativas sérias e modernas com o escopo de assumirmos na sua plenitude o comando da paz social do País, obviamente em parceria com os irmãos da PM, PF e demais órgãos que compõem o nosso sistema de justiça, mas, a receptividade parlamentar é tímida, anêmica, pobre. Podemos contar nos dedos de algumas poucas mãos o número de deputados e senadores que se irmanam aos ideais de uma verdadeira e possível segurança pública para todos, mas, de outra banda, a maioria, possui outras prioridades, outros objetivos no exercício dos seus mandatos, que não se alinham aos anseios sociais gerais, muito menos ao tema ora em comento.

Como pode um Delegado de Polícia do Brasil, um Policial PM, um investigador de Polícia, um agente federal, após mais de trinta anos da sua vida ser perseguido por um carro em alta velocidade, por vários minutos, com tiros de fuzis sendo disparados por todo o percurso de uma região do mais rico Estado do Brasil, e ser assassinado com violência extrema, e os seus algozes fugirem calmamente como se num parque de diversões estivessem, parecendo até, serem sabedores de que não seriam importunados?

Até quando incontáveis secretarias da segurança pública dos Estados brasileiros continuarão sendo utilizadas por governadores fanfarrões, nomeando para as suas titularidades seus amigos pessoais para, em eventos políticos midiáticos e sem conteúdo, anunciarem sob holofotes, que possuem a “sua” Polícia, o “seu” Delegado, uma instituição para chamar de sua?

O Dr. RUI FERRAZ FONTES não será apenas mais um grande policial assassinado. Poderá ser ele, como continuidade eterna da sua luta, o profissional que possa fazer de uma vez por todas, os politicos entenderem que segurança pública é preceito constitucional, que policiais não são médicos, mas, também salvam vidas, além de proteger o patrimônio, a honra, a paz social de todos os brasileiros, inclusive deles, parlamentares eleitos pelo povo, inclusive por nós.

Renê de Almeida
Delegado de Polícia Civil Classe Especial-Ap, ex-presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Roraima por dois mandatos, e Vice-Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil.